quinta-feira, 9 de agosto de 2012

EU APRENDI, MAS FICA SÓ PRA MIM






Há quem ignore as atividades dos pastores/lobos. Há ainda os que defendam esses mercenários que vêm disseminando o amor e o culto ao dinheiro. Há quem defenda as ações déspotas de líderes orgulhosos que se colocam a si mesmos na posição de semideuses. Também há quem considere errado criticar os "sacerdotes" que imperam num determinado grupo por meio de uma arma muito utilizada nos dias de hoje: o medo. Estes, esmagam as opiniões dos que estão abaixo na hierarquia religiosa e os fazem cegos quando não permitem que pensem, vejam e ouçam, já que a opinião de um "ungido" não pode ser questionada, porque "ai daqueles que tocarem no ungido do Senhor!". Para tais líderes, apenas eles têm a "revelação divina". Os demais, sempre num plano abaixo dos líderes semideuses, devem apenas ouvir e obedecer cegamente, o contrário do que está registrado em Atos 17, quando os da cidade de Bereia examinavam as escrituras para ver se o discurso de Paulo estava de acordo e, por isso, foram considerados nobres.




Mas ainda há quem defenda esses lobos que mercadejam o “evangelho”, que deturpam a verdade colocando suas tradições e doutrinas humanas acima da verdade de Deus. E temos como consequência disso, multidões engajadas em instituições humanas enganosas que se autodenominam "reino de deus", quando na verdade, não passam de um clube que busca a glorificação e a propaganda de si mesmos como "caminho" e "verdade", esquecendo-se de que há um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo (1 Timóteo 2:5). As pessoas que defendem esses mercenários, os defendem, possivelmente, por dois motivos: ou fazem isso por ignorância e desconhecimento das escrituras, tendo Jesus como chave interpretativa, já que Este é o verbo de Deus, ou conhecem as escrituras e as interpretam corretamente tendo o Cristo como revelação, no entanto, preferem defender apenas os líderes/lobos, ignorando totalmente o bem-estar da alma dos pequeninos que por eles são enganados e são levados a seguir um "evangelho" feito por homens que dele tiram vantagem, seja esta vantagem financeira, seja a fama ou o poder. Ignorar o sofrimento dos enganados é EGOÍSMO, é não aceitar o que o Mestre nos disse: "Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte. (Mateus 5:14)" E se somos luz, se fomos, já, iluminados com a Verdade de Cristo, onde chegamos, anulamos as trevas com a luz que em nós está. Negar-se a fazer isso tendo consciência da verdade e deixar que "pessoinhas" sejam levadas ao engano das trevas, é aceitar o seguinte julgamento para si e para os necessitados: "Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más. (João 3:19)"




Eu me cansei de ser enganado. Cansei de dizer "amém!" para os que me diziam algo, não importando se fosse contrário às escrituras só porque os que diziam eram "mestres" e estavam num patamar acima de mim na hierarquia religiosa. Aprendi que não vou mais à casa de Deus, posto que, pela graça, eu mesmo sou templo do Espírito, morada do Altíssimo (1 Coríntios 3:16). Aprendi que não há mais "mestres" num patamar especial, mas há um só Mestre entre nós, Jesus Cristo, o verdadeiro UNGIDO, e todos nós somos irmãos (Mateus 23:8). O reino de Deus não é instituição humana ou organização política, mas é o Criador se reconciliando com a humanidade por meio de seu Filho na maior manifestação de amor que há. Também aprendi que é no encontro de gente com gente no vínculo do amor que Deus se faz presente, não importando o lugar, nem posição social de tais pessoas, muito menos a burocracia humana. Enfim, tanto me cansei de fazer parte do engano humano chamado "cristianismo" (instituição humana que se declara reino de Deus, mas que tem suas doutrinas de homens acima da Verdade de Deus), quanto cansei de ficar calado e ver gente que, por uma infelicidade, não enxerga sendo guiada por outros cegos ao abismo. O que os meus olhos já viram e meus ouvidos já ouviram, não pode ficar só comigo. Anuncio, mesmo eu não sendo coisa nenhuma, na esperança daquEle que é TUDO, e que convence o homem do pecado, da justiça e do juízo, possa iluminar os olhos do entendimento de todos para que vejam qual é a boa, perfeita e agradável vontade de Deus (Romanos 12:2).




Aos medrosos, eu lamento sua covardia! Aos religiosos, eu espero que sejam esclarecidos e libertos. Aos líderes/lobos, espero e oro para que se convertam. E à gente boa de Deus, consciente e nascida de novo espalhada por todo canto, inclusive nas instituições religiosas, desejo que continuem sendo luz onde estão, iluminando cada pessoa em cada contato que tiverem enquanto têm oportunidade. Ouvi dizer por aí que o Evangelho não precisa ser defendido, mas quando me lembro que somos a “carta de Cristo” (2 Coríntios 3:3), sei que não podemos fugir de nossa responsabilidade de anunciar a Verdade, denunciar as aberrações (como o Mestre fez) e ser sal da terra e luz do mundo.




Marco A. M. Nunes.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012


A GRAÇA É...
(com acréscimos feitos, ao que escrevi, por alguns que leem aqui)

Graça é para quem não merece. E por isso a Graça é, também, insuportavelmente escandalosa.

Tão escandalosa que ACOLHE todos os que NÃO SÃO ACOLHIDOS e nem são convidados para se sentarem ao redor da mesa dos justos, dos santos, dos puros, dos homens e mulheres de bem, dos que têm caráter, dos de boa moral, dos éticos...; mas também estes a Graça acolhe, pois a Graça também é para os orgulhosos, altivos, soberbos, presunçosos e santarrões.

Sim, os desgraçados é que se alimentam da mesa da Graça. Sim, da Graça que se reparte com os imperdoáveis; sim, com os que ofendem, os que traem, os que mentem, os que magoam, os que roubam, os que matam; sim, com todos os que NÃO seriam convidados para nenhuma celebração de nenhuma comunidade que reúne os perfeitos.

A Graça é tão escandalosa, mas tão escandalosa, que salva corruptos, ladrões, assassinos, sequestradores, terroristas, estupradores, pedófilos e até religiosos, fundamentalistas e legalistas...

A Graça é para os chatos, os “malas”, os depressivos, os tristes, os desanimados, para os que se acham e os que não se acham.


É, a Graça é um nó na garganta dos religiosos!!!

A Graça é um convite permanente ao arrependimento à medida que a Bondade do Eterno me convence de que não tenho saída.

Por isso amo a Jesus e a sua perfeita Graça confundindo os que obtêm a absoluta certeza de tudo!

São os leprosos insuportáveis na " Congregação dos justos"... onde os " Justos Leprosos" não podem ver ninguém sangrando ou mutilado... porque suas feridas estão expostas e eles se sentem ameaçados, pois são "justos".

Mas a verdade é que são "profissionais" em camuflar suas dores e suas " curas"... porque, na verdade, são aberrações, “leprosos” que sangram; são mutilados, porém os "membros" caídos foram substituídos por "membros de manequins" – de longe se parecem com os reais... mas são duros e implacáveis... apenas meras e vulgares imitações... do original...

Porém, o Leproso consciente de sua "doença", quando é curado pelo Mestre, Jesus Cristo de Nazaré, tudo nele é regenerado, nele corre sangue, é quente, tem movimentos naturais; e não há marcas visíveis da cura em sua pele, mas há marcas de "cura em seu coração"...

Há gratidão, há entendimento, há vida...

Jesus ia ao encontros dos Leprosos que se assumiam como leprosos e carentes de curas...

Mas acredito que até hoje existam os leprosos "disfarçados", como os do filme A morte lhe cai bem... Estão mortos mas posam de vivos, quando nem mesmo existem mais batidas em seus corações, mas apenas no seus intelectos.

Graça, quão maravilhosa, a Graça de Jesus!
Alta como o firmamento e sem fim
É maravilhosa, é tão grandiosa
É maior que o meu pecado vil...

Pois é... Entretanto, a Graça é para todos, inclusive para os pseudojustos, santos, puros, homens e mulheres de bem, de caráter, de boa moral e religiosos... Porque todos pecaram e carecem da Glória de Deus...

Quando se encontrarem hoje para celebrarem, celebrem a Graça!!!

A Graça e o perdão têm pressa.

Venham depressa, "Zaqueus da vida", pois a Graça quer ir com vocês para casa.

A Graça quer nos levar para casa!!!

Carlos Bregantim


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A PROPOSTA DE JESUS: A FALÊNCIA COMO ALÍVIO!


“Vinde a mim todos os cansados e os sobrecarregados, e eu vos aliviarei”, disse Jesus.

Ora, a salvação do cansado é Vir, não Ficar. A salvação do cansado é tomar algo, é atender um convite para sair de onde está e encontrar alívio para alma.

Mas como posso ir a algum lugar se eu mesmo não tenho forças para me ajudar?

Interessante isso. Para nós, a salvação do cansado é ficar e descansar. Jesus, no entanto, diz que o cansado tem que VIR.

Mas como o cansado andará se está cansado? Não seria muito mais digno de Deus dizer: “Todos vós cansados, ficai onde estais, e eu vos visitarei.”?

A questão é que Este que oferece o descanso está ao lado, e Seu convite não é um grito distante, mas uma súplica interior: “Vinde a mim... e achareis descanso. Tomai o jugo, e tereis alívio”.


Assim, o movimento, o Vir, não para fora, mas para dentro!


Todavia, por mais perto que Ele esteja, aquele que precisa da ajuda precisa Vir; tem de se movimentar; necessita escolher e acolher o refúgio.


Afinal, quem descansa no refúgio que não quer estar?


Refúgio forçado é prisão!


“Vinde a mim” é um convite pessoal e propõe um encontro pessoal. “Vinde a mim” equivale a “permaneça em mim, e você terá descanso”.


Todavia, nem por causa disso eu devo ficar onde estou. Eu preciso sair de onde estou em mim a fim de encontrá-lO como alívio para mim, ainda em mim.


“Permanecer nEle” é “Vir a Ele”. Portanto, é um permanecer em movimento, andando com Ele, deixando-se levar aos pastos verdejantes e às águas tranqüilas que não existem em nenhum éden terreno, mas tão-somente em paragens interiores.


“Vinde a mim todos...”, diz Jesus.


Que coisa mais linda é ouvi-lO dizer que Seu atendimento é pessoal, visto que só é para todos porque é para cada um.


Ele não pergunta pelo tipo de peso ou de carga que nos oprime; apenas aceita que pode ser qualquer coisa, e que Ele mesmo tratará com total pessoalidade qualquer que seja o jugo de agonias que possam estar afligindo a todos — portanto, a cada um individualmente.


Jesus, assim, não classifica angústias, e nem diz que certas agonias são virtuosas e, portanto, passíveis de ajuda, enquanto outras não são.


Jesus não age assim. Assim age a religião!


Não! Não é para um concurso de agonias que Ele nos convida, nem é para um vestibular de angústias, para, então, no fim, alguns serem selecionados para receber o alívio e a ajuda. Pois assim como Ele convida a todos, Ele também convida o tudo de todos, sem discriminação.


O critério que seleciona as agonias passíveis de socorro não obedece a nenhum juízo moral, ético ou religioso.


Quem pré-seleciona o candidato à ajuda é a Necessidade que faz com que o necessitado perca o senso de autocrítica e de auto-ajuda e simplesmente diga: “Eu não posso mais!”


Assim, o convite é para quem não pode mais; é para quem se cansou tanto que já desistiu, e só não desistiu totalmente porque não sabe como morrer.


Somente os que não sabem como morrer é que podem atender a tal convite, que num certo sentido só se consuma se eu digo: Morri, mesmo que ainda eu ainda exista!


O convite é para quem não sabe nem como morrer. Sim, o convite é, sobretudo, para estes.


“Vinde a mim todos vós”, diz Jesus. E, assim dizendo, Ele espera que “vós”, nós, eu, cada um, por si mesmo, decida aceitar a ajuda e Venha a Ele.


Estranho e fascinante. Eu não agüento mais, mas preciso “Vir a Ele”, o que significa fazer o movimento da rendição, da entrega total de toda autoconfiança.


O convite só se efetiva na completa certeza de que em mim mesmo não resta esperança.


O alívio só chega para quem já aprendeu que por si mesmo não chega a nenhum alívio por suas próprias pernas.


O alívio é apenas para os perdidos na impotência!


Maravilhoso e paradoxal!


Ele me diz: “Vem”. Mas eu não consigo dar nem mais um passo...


Assim, é na impossibilidade de me mover que eu me movo para onde está o refúgio.


Eu tenho apenas que dizer que não posso mais, e, no mesmo Instante, paradoxalmente, me movo para Ele, sem ter que sair de lugar nenhum, visto que o lugar sai de mim, pois a opressão é em mim, e o alívio está em mim, mas somente quando, em mim mesmo, Venho a Ele.


Quando eu desisto, vou a Ele. Então, descubro que o lugar do alívio não é um lugar, nem mesmo pode ser comparado ou medido como a distância de uma estrada a ser percorrida até chegar a Ele, onde está o descanso.

Não! É justamente por não poder ir que chego, e é por não agüentar mais que recebo o poder que me faz agüentar tudo.


“Tomai sobre vós o meu jugo, pois Sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas, pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”, explica Jesus.


Ele implora que eu aceite a ajuda dEle
. Sim, Ele se mostra manso e humilde, e garante que o peso dEle é leve.


Peso leve. Jugo suave. Tudo isso vem da mansidão e da humildade dEle.


Aquele que me oferece ajuda é forte em Sua mansidão e humildade em Seu coração.


Que coisa linda!


Assim, aprendo que meu sacrifício quanto a receber o alívio é reconhecer que “não agüento mais”, e é “tomar um peso leve e um jugo suave”, que nada mais é do que aceitar a mansidão e a humildade de Deus como meu lugar de refúgio.


Sim, onde mais posso descansar senão na humildade de Deus?


Somente um Deus manso e humilde pode aceitar tudo em todos, e ajudar todos em tudo!


No entanto, eu tenho que “Vir”, fazendo o movimento na Permanência Nele, e que só acontece como impossibilidade de ir a qualquer outro “lugar” que não seja Ele.


Mas quem agüenta se entregar a um Deus tão manso e humilde? Quem aceita que o socorro implique em falência edesistência? Quem deseja para si trocar seu próprio jugo pelo de Outro, por mais que Este que me convide diga que seu peso não pesa?


Para receber o alívio do Deus manso e humilde requer-se do homem um ato de movimento e a coragem da troca. E pior: demanda desse carente que se declare mais que necessitado. Sim, dele se demanda que declare falência e quese movimente na declaração da impotência, e que seja humilde a fim de aceitar a falência como salvação.


Assim, a fim de me ajudar Jesus diz: “Venha”. E, assim fazendo, Ele me diz que a salvação é Ele, e que o caminho para ela reside na desistência de qualquer outra salvação que não seja um ato de reconhecimento da minha própria impotência e perdição.


Em Jesus somente os falidos são aliviados. Quem não chegou a esse ponto —onde já não se tem para onde ir— jamais saberá o significado de receber o alívio, visto que ainda é estivador de sua própria potência, e é ainda vítima de seu estado de não-falência assumida.


Bem-aventurados os sem forças para se mover, pois eles se moverão sem ter que ir a algum lugar, visto que o Lugar-Presença a eles vem. Aliás, implora para ser apenas reconhecido.



Caio

(Escrito em 12/06/2004)


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

A PARÁBOLA DO BEM E DO MAL DA GRAÇA


A PARÁBOLA DO BEM E DO MAL DA GRAÇA

Mateus 19-20


O jovem rico que tentara brincar de vida eterna com Jesus, já havia ficado para trás. Também já havia acontecido aquela conversa de Jesus com os discípulos sobre a dificuldade humana do rico herdar o reino dos céus, sendo mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha; e os discípulos já tinham ficado chocados com tal afirmação; e já haviam perguntado: “Sendo assim, quem pode ser salvo?”

O que ainda não havia ficado para trás foi o olhar de Jesus, quando fitou os olhos deles, e lhes disse:

Isto é impossível aos homens, mas a Deus tudo é possível.

Então Pedro, tomando a palavra, disse-Lhe:

Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que RECOMPENSA, pois, teremos nós?

A resposta de Jesus foi cheia de misericórdia, porém, carregava também uma preparação para eles mesmos.

Isso porque os líderes religiosos de Israel achavam que os seguidores de Jesus—gente como Pedro—eram pessoas do último grupo humano.

Por isto, aos fariseus, Jesus fazia o dito “há primeiros que serão últimos; e últimos que serão primeiros” ser algo que chegava como uma ofensa a todos os sentidos.

Afinal, como entre aquela plebe que nada sabia da Lei poderia haver alguém que ficasse entre os primeiros?

Agora, porém, Jesus está falando com os discípulos, e a questão passou a ser de recompensa, tema que imediatamente leva o ser humano para o mesmo sentir dos fariseus; pois, pela recompensa se estabelece a “classe”—indo de primeiros à últimos.

Eis a resposta misericordiosa de Jesus, e que veio afofar as alminhas necessitadas de todos os humanos, que quase sempre precisam de alguma recompensa para ser.

Ele lhes disse:

Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na regeneração, quando o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, que sereis assentados também sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.

Israel será julgado pelos últimos na perspectiva de Israel, aquela “plebe que nada sabe da Lei”, como eles mesmos diziam então.

Minha esperança é que todos os apóstolos sintam a compaixão de Paulo, que afirmou preferir ele mesmo ir para a condenação do inferno, se isto trouxesse salvação para Israel.

Hipérbole, é claro! Paulo sabia Quem salvava quem. Ele apenas expressa compaixão visceral.

Ora, se prevalecer no coração apostólico a paixão misericordiosa de Paulo, todo Israel será salvo, conforme Romanos 9-11.

Então Jesus prossegue:

E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes mais, e herdará a vida eterna. Entretanto, muitos que são primeiros, serão últimos; e muitos que são últimos, serão primeiros.

Então, ato contínuo, Jesus olha para os discípulos e lhes diz:

Porque o reino dos céus é semelhante a um dono de casa, que saiu de madrugada buscando contratar trabalhadores para lavrarem a sua vinha.

Ajustou com os trabalhadores o salário de um denário por dia, e mandou-os para a sua vinha.

Por volta das nove da manhã ele saiu, e viu que outros estavam ociosos na praça, e disse-lhes: Ide também vós para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram.

Outra vez saiu, por volta do meio dia e depois às três da tarde; e fez o mesmo com outros que encontrou.

Quando já era quase cinco da tarde ele saiu outra vez e achou alguns homens à toa na praça, e perguntou-lhes: Por que estais aqui ociosos o dia todo?

Responderam-lhe eles: Porque ninguém nos contratou.

Então o homem lhes disse: Ide também vós para a vinha.

Uma hora depois deles chegarem para trabalhar, anoiteceu. Então o dono da vinha disse ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o salário, começando pelos últimos até os primeiros.

Chegando, pois, os que tinham ido por volta das cinco da tarde, e receberam um denário cada um.

Ao chegarem então os primeiros, pensaram que haveriam de receber mais, visto haverem trabalhado muito mais tempo; porém, receberam um denário cada um.

E ao recebê-lo, murmuravam contra o proprietário, dizendo:

Estes últimos trabalharam somente uma hora, e os igualastes a nós, que suportamos a fadiga do dia inteiro e o forte calor.

Mas o dono da vinha, respondendo, disse a um deles:

Amigo, não te faço injustiça; não ajustastes comigo um denário? Toma o que é teu, e vai-te; eu quero dar a este último tanto como a ti.

E ele prosseguiu:

Não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou é mau o teu olhar porque eu sou bom?

E concluiu:

Assim os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos.

Nesta parábola nós temos uma quantidade enorme de temas que são cobertos. Há nela a história da civilização, a história de Israel, a história da Igreja, e a história do processo de auto-percepção dos indivíduos.

Há cinco grupos de trabalhadores nesta parábola. Somente o primeiro grupo tinha um “acordo” Formal e Legal com o dono da vinha.

Três dos outros grupos foram acreditando na justiça dele. E o último grupo apenas respondeu a razão da ociosidade na praça, e atendei a ordem dele: Ide também vós para a vinha.

E eles foram, sem contrato, sem acordo, sem esperança de qualquer direito; apenas foram...

Assim é o Reino de Deus num mundo caído. Esta mensagem do Reino está se materializando hoje, em todas as dimensões antes por mim mencionadas, visto que há nela a história da civilização, a história de Israel, a história da Igreja, e a história do processo de auto-percepção dos indivíduos.

Esse processo do Reino está em curso. Naqueles dias eram os fariseus que melhor encarnavam o papel dos contratados da primeira hora. Eles achavam que eles eram aqueles que haviam “garantido” a vinha. Em seus corações havia a certeza de sua “oficialidade” para com Deus. Eles tinham um “contrato”.

E já que também se julgavam justos, achavam-se no direito de questionar a qualquer profeta que se fizesse acompanhar de gente tão estranha e vadia; sim, gente que nunca nada havia feito pela Causa da Vinha. Mas, sobretudo, eles criam que seus esforços de manutenção estrita do contrato legal—a Lei de Moisés—lhes dava direitos e muitas vantagens; afinal, eles eram os primeiros.

Portanto, a parábola caiu direto na cabeça dos religiosos dos dias de Jesus, e que murmuravam Dele, do que dizia, fazia, e da misericórdia transgressora que Ele praticava.

Os que foram esperando receber justiça nada reclamaram. Afinal, no Reino, o pior que pode acontecer é justiça.

Então vem o grupo que não esperava nada. Eles eram aqueles que foram para serem salvos de sua própria vadiagem e falta de propósito, visto que ninguém os chamava; e eles mesmos já não criam que seriam chamados para nada. Portanto, quando foram chamados, nem pensaram em recompensa, mas apenas viram no chamado a própria recompensa.

Os da Lei vêem isto e se ofendem. É injusto. Eles julgaram que o tempo lhes dava direitos societários na vinha, e que o salário virara apenas uma questão de bônus proporcionais ao tempo de serviço e ao esforço feito.

Do ponto de vista sindical eles seriam modernos!

Mas o Reino não é um sindicato; visto que o dono da vinha é o Justo, e a Ele tudo pertence; inclusive a oportunidade de dar o trabalho.

A doença deles era a Justiça Própria. E o problema deles era o Ressentimento e a Inveja.

Justiça própria é a doença da espiritualidade que julgue que possuiu um Acordo com Deus.

Ressentimento é o sentimento que habita o coração de todo aquele que é cheio de justiça própria, e que fica com raiva de Jesus e dos que Ele perdoa.

Afinal, que justiça há no perdão senão aquela que o homem que a si mesmo se chama justo considera como injustiça?

Perdão não é Justiça. Perdão é a injustiça que a misericórdia pratica!

A inveja é o resultado dessa competição com aquele que o “justo”, ou o “direito”, ou o “legal” chama de “vadio da última hora”; ou chama ainda de “ocioso da graça”.

É a mesma doença do irmão mais velho da parábola do filho pródigo.

É a mesma doença da mulher de Ló.

É a mesma doença dos irmãos de José.

É a mesma doença de Saul.

É a mesma doença dos sacerdotes em seu ódio contra os profetas.

É a mesma doença dos fariseus em relação aos publicanos, pecadores, pescadores, meretrizes, Zaqueus, Madalenas, Pedros, e gentios.

É a mesma doença do Sinédrio de Israel, “pois por inveja O entregram”.

É a mesma doença de Sallieri em relação a Mozart.

É a inveja...

Aquilo que os que não esperam nada, senão significado, transforma-se em alegria e festa; para os da Lei significa injustiça, ressentimento, e inveja.

Assim, o Reino comete a injustiça da misericórdia; visto que a justiça é apenas o que é; porém a misericórdia faz o que não é, passar a ser. Por isto é que a misericórdia triunfa sobre o juízo.

É por esta razão que eu não creio nos contratos que os homens crêem que têm com Deus.

Eu prefiro a surpresa. Afinal, que pacto tenho eu feito com Deus, senão o pacto que Ele fez comigo?

Ele fez uma aliança comigo. Eu apenas bebo do cálice.

Os da Lei receberam conforme o contratado; e, segundo Paulo, não é um bom negócio.

Mas os da Graça—esses que simplesmente crêem—haverão de receber infinitamente mais do que qualquer coisa; e melhor será para eles se não pedirem para si mesmos nada; deixando tudo com Ele.

Há muitas coisas na terra, no céu, em baixo da terra, no presente, no porvir, no mundo espiritual, e, certamente, também há criaturas, que podem me separar de meu amor por Deus.

Todavia, nenhuma dessas coisas pode me separar do amor de Deus por mim. Isto, porque eu sei que é Ele quem garante a minha vida; e eu não quero Dele nada, senão significado para ser, Nele; e não tenho nada a comparar; e nem ninguém que eu ache que está no meu lugar; e nem me apresento a Ele com nenhuma expectativa. Tudo que vier de Sua boca para mim, eu sei, é bom.

Todavia, a parábola de Jesus não ficou condicionada ao tempo e ao espaço. Ela é viva. Daí Jesus ter dito também aos discípulos que soubessem que também entre eles essa doença pegaria. E que, portanto, o mesmo que se dizia aos fariseus e autoridades religiosas que julgavam a eles, os discípulos; também os próprios discípulos poderiam vir a dizer uns dos outros, e praticar uns contra os outros; e pior contra o próximo.

Assim, em cada fariseu pode haver um discípulo—Saulo de Tarso nos dá testemunho disto. Mas também em cada discípulo pode nascer um fariseu.

Desse modo, a advertência escatológica feita por Jesus incide sobre todos os homens, cristãos, e não cristãos. E é um princípio que Ele aplica no mundo inteiro.

Afinal, Jesus está falando do Reino de Deus, não de Israel e nem da Igreja apenas.

O Reino Deus acontece sobre tudo o que existe. E se esse é um princípio do Reino, sua obediência deveria nos fazer esquecer todos os contratos e todas as barganhas com Deus, e a nos desvestirmos de todas as nossas certezas e presunções; e, assim, entregarmo-nos sem complicações apenas aos cuidados da Graça de Deus.

Se Ele quiser dar a todos o que deu ao melhor de todos nós, que assim seja. Afinal, quem entre nós jamais mereceu qualquer coisa?

Senhor, basta-me ouvir-te gritar da Cruz: Tetelestai!

Estou satisfeito com os tesouros que não me prometeste; exceto depois que fiquei sabendo que já eram meus!



Caio

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A ÁGUA DA ETERNA REALIDADE


A ÁGUA DA ETERNA REALIDADE

A coisa maravilhosa da Água da Vida é que ela põe cada coisa do tamanho de cada coisa. Ela não é a Água da Magia. Ela não é alucinógena. Não é lisérgica. Ela é Água da Vida.

Portanto, quem a bebe continua tendo que ir ao poço de Jacó para pegar água (H2O) todos os dias. E tem que decidir se o “agora marido” é o marido ou não. No entanto, já não esperará do poço de Jacó nada mágico, nem esperará encontrar no peito de um homem, marido ou amante, o refúgio de Deus e a felicidade eterna.

Além disso, quem bebe da Água da Vida fica vendo montanhas apenas como montanhas, e vê a cidade de Jerusalém apenas como uma cidade.

Quem bebeu da Água da Vida já não ama mais pedras e nem se devota a elas. “Nem neste monte e nem em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar. Deus é espírito, e importa que Seus adoradores o adorem em espírito e em verdade”.

Quem bebeu da Água da Vida sabe que é de Deus que procede a Fonte da Vida, e que as demais necessidades desta existência são apenas o que cada coisa é, e não há mais ilusão acerca do que elas podem nos dar, ou do que delas se deve esperar.

A Água da Vida é a Água da Verdade e da Realidade. E ela carrega em si mesma o que é. Daí quem dela beber ter em si fontes que saltam para a vida eterna. E vai ao poço de Jacó pegar água com contentamento, e ama sem medo e sem engano.


Caio